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Academia de Ciências

Mais tarde, Pasteur dirá sobre a época que viveu em Estrasburgo como “o tempo em que floresceu o espírito da invenção”. De fato, o desabrochar de experiências cristalográficas audaciosas datam deste período, cujos resultados são comunicados por Biot à Academia de Ciências, despertando interesse pelos trabalhos de Pasteur.

Em 1852, Pasteur vai a Paris apresentar seus trabalhos à Academia de Ciências. Em geral, o clima é favorável, mas há também críticas, pois alguns começam a achar que o jovem cientista começa a dar muito o que falar de si próprio.

Louis Jaques Thénard (1777-1857), um dos membros desta Academia, é barão e o químico mais coberto de honra do momento. Descobriu a água oxigenada, fez uma classificação dos metais e foi colaborador de Gay-Lussac (1778-1850).

Thénard é descrito como bom-vivant e um grande comilão. Oferece um jantar em honra ao cientista alemão Eilhard Mitscherlich (1794-1863) para eminentes cientistas da Academia. Pasteur é convidado.

O interesse de Thénard pelo jovem Pasteur reside especialmente pelo fato de Louis se preocupar com as aplicações industriais de suas pesquisas.

O químico alemão Mitscherlich vai a Paris como correspondente estrangeiro na Academia de Ciências, em companhia do mineralogista Gustav Rose (1798-1873), professor na Faculdade de Berlim. Ambos quiseram se encontrar com Pasteur para ouvir de sua própria boca as circunstâncias detalhadas de suas descobertas sobre o tártaro.

Pasteur, Mitscherlich e Rose passam duas horas juntos discutindo as circunstâncias da observação e refletindo sobre as consequências.

Durante o jantar, Mitscherlich levanta o copo e brinda o jovem cientista Louis dizendo: “Estudamos tanto e tanto esses cristais que estamos persuadidos de que se você não encontrasse, ao observá-los de novo, esse fato tão notável, nossa descoberta ficaria ignorada durante um tempo considerável” (Debré, 1995, p. 87).

Portas se abrirão para Pasteur. Mitscherlich conhece um produtor de ácido paratartárico na Alemanha, o industrial Friedrich Fikentscher (1799-1864), e o cientista decide viajar à Alemanha para encontrar a tal molécula, sabendo que procura a “pedra filosofal”, remetendo-se aos seus antecessores alquimistas.

Pasteur escreve ao pai sobre a busca que estava prestes a empreender: “Sabes muito bem que eu procuro a pedra filosofal e já leste todas as alegrias, depois todas as decepções dos alquimistas que me precederam. Eles acreditavam que estavam às vésperas de encontrá-la. Estou a ponto de achá-la. Eles morreram na busca. Espero muito que o meu zelo não falhe antes da hora final. Meu venerável mentor dá-me o exemplo, e eu acho, assim como ele, que só há uma coisa que me entretém: o trabalho” (Debré,1995, p. 89).

Referências:

DEBRÉ, Patrice. Pasteur. São Paulo, SP: Scritta, 1995.

DUBOS, René. Pasteur e a Ciência Moderna. São Paulo, SP: Edart, 1967.

GAROZZO, Filippo. Louis Pasteur. Rio de Janeiro, RJ: Três, 1974.

PASTEUR VALLERY-RADOT, Louis. Images de la Vie et de l´Œuvre de Pasteur. Paris, França: Flammarion, 1956.

PERROT, Annick; SCHWARTZ, Maxime. Louis Pasteur le Visionnaire. Paris, França: Éditions de la Martinière, 2017.

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